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Orquestra Metropolitana de Lisboa / Coro Juvenil da Universidade de Lisboa

  • CENTRO CULTURAL DE BELÉM BELÉM Portugal (map)

27 De Novembro 2022 - 17h00 – Centro Cultural De Belém, Grande Auditório

Orquestra Metropolitana de Lisboa
Coro Juvenil da Universidade de Lisboa

Pedro Neves - maestro
Erica Mandillo – maestrina do CJUL
Elsa Silva – piano
Thomas Bloch – ondas martenot

Programa
Claude Debussy (1862-1918) Petite Suite
Constança Capdeville (1937-1992) Que mon chant ne soit plus d’oiseau,
Olivier Messiaen (1908-1992) Trois Petities Liturgies de La Présence Divine


Festival Música Viva 2022

Orquestra Metropolitana de Lisboa

Coro Juvenil da Universidade de Lisboa

27 de Novembro | 17h00

Centro Cultural de Belém, GA

 

 

 

Em 2022, o Festival Música Viva faz 28 anos!

 

28 anos que configuram um percurso singular e que marcam de forma indelével a criação musical em Portugal, mostrando a vitalidade e a qualidade da música portuguesa da actualidade, afirmando os seus criadores e os seus intérpretes.

 

Este é o concerto de encerramento do Festival Música Viva 2022, um concerto em parceria com a Orquestra Metropolitana de Lisboa e com o Centro Cultural de Belém, um concerto que nos permite olhar para a herança musical do passado para melhor compreender a música que se pensa e que se faz hoje, com a música de 3 compositores que partilham músicas de extremo requinte repletas de poesia.

É um concerto que assinala também o desaparecimento em 1992, há 30 anos, de Olivier Messiaen e de Constança Capdeville, mas que celebra igualmente os 85 anos do nascimento desta compositora portuguesa.

 

Claude Debussy (1862-1918) é em grande medida um compositor que abre as portas do século XX, e as suas inovações vão ter repercussões duráveis na música escrita depois dele. Influenciou directamente Olivier Messiaen (1908-1992) e ambos foram compositores de referência para Constança Capdeville (1937-1992), mas todos eles, no seu tempo, mantiveram as devidas distâncias dos demais compositores que admiravam, mantendo-se como vozes únicas, autênticas e inigualáveis.

Olivier Messiaen poderíamos dizer é um pilar estruturante do pensamento musical do século XX, com influência crescente a partir da 2ª Guerra Mundial, e Constança Capdeville é uma pioneira do que designou por “teatro-música”, não só entre nós, e uma personalidade musical excepcional e profundamente original, que urge valorizar e conhecer melhor.

 

 

A Petite Suite de Debussy foi originalmente escrita para piano a quatro mãos, entre 1886 e 1889, e só posteriormente, em 1907, é que foi transcrita para orquestra pela mão de Henri Büsser, maestro da Ópera de Paris e amigo de Debussy, e foi neste formato que a obra se tornou mais conhecida. É constituída pelos seguintes 4 andamentos: 1 - En bateau (Andantino), 2 – Cortège (Moderato), 3 – Menuet (Moderato), 4 – Ballet (Allegro giusto).

 

Que mon chant ne soit plus d’oiseau, de Constança Capdeville resultou de uma encomenda da Fundação Calouste Gulbenkian, e foi terminada em 1991 e estreada em Maio desse mesmo ano. Foi a última obra composta por Constança Capdeville, que acompanhou os ensaios e assistiu à sua estreia. Na altura manifestou-me as dificuldades da orquestra em compreender e interpretar a sua escrita. Um ano depois, já depois de ter falecido, a Orquestra Gulbenkian voltou a tocar a mesma obra em sua homenagem, mas deste vez com outro maestro... assisti ao concerto e não reconheci a obra! A obra nunca mais voltou a ser tocada. Recentemente o MIC.PT (Centro de Investigação e Informação da Música Portuguesa), que é o editor das partituras de Constança Capdeville, e por minha iniciativa, solicitou àquele que foi o seu mais próximo colaborador e profundo conhecedor da sua linguagem musical, António de Sousa Dias, para proceder a uma nova realização da partitura, respeitando em absoluto o texto original, mas adaptando a notação de forma mais pragmática para a orquestra. Em grande parte, Que mon chant ne soit plus d’oiseau, é uma obra na qual encontramos a síntese da sua linguagem musical e acredito que, 30 anos depois, esta será finalmente a interpretação que Constança Capdeville teria querido ouvir.

 

Trois petites liturgies de la présence divine d’Olivier Messiaen foi escrita entre 1943 e 1944 e foi estreada em Paris em Abril de 1945. Nesta obra Messiaen também escreveu, paralelamente à música, os textos cantados pelo coro, textos de cariz surrealista, mas inspirados em textos bíblicos que enunciam verdades teológicas. A ideia principal é a da Presença Divina e cada uma das 3 partes da obra exprimem um tipo de presença diferente: 1 - Antienne de la conversation intérieure (Deus presente em nós), 2 - Séquence du verbe, cantique divin (Deus presente em ele mesmo), 3 - Psalmodie de l'ubiquité par amour (Deus presente em todas as coisas).

Esta é provavelmente a primeira peça para orquestra de Messiaen realmente homogénea e na qual afirma a força que lhe valerá o seu renome. Messiaen abandona nesta obra a estrutura tradicional da orquestra da qual apenas conserva o quinteto de cordas e ao qual acrescenta um piano solo, um vibrafone e uma celesta (encarregues de reproduzir as sonoridades exóticas do gamelão); e depois introduz nesta orquestra curiosamente constituída um instrumento inusitado eléctrico: as Ondas Martenot ao qual confere um papel solista e ainda uma bateria de instrumentos de percussão. Finalmente, no primeiro plano sonoro, utiliza um coro de 36 vozes femininas em uníssono. A composição da orquestra é, por conseguinte, já determinante na produção das cores de timbres tão características da linguagem de Messiaen, e para cada uma das três presenças divinas irá corresponder uma divisão da orquestra em três grupos instrumentais. 

Miguel Azguime

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